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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Escudos, Braços e Sombras

Andávamos pela rua. O frio congelava os ossos e o assunto parecia ser tudo que nos conectava.
"-Eu sei que você tem tido problemas simplesmente para dormir, acha que isso é tudo?", você disse. "Eu também tenho andado descreditado nesse mundo sucumbindo às próprias limitações e se apegando a nada."
"-É nada o que temos e é nada o que sempre vamos ter, afinal." - eu disse abraçando o frio entre nós. Eu não pude continuar te olhando de frente depois de sentir a primeira agulhada. Dada por mim?
"-Veja a fé que todas essas pessoas carregam e veja o que elas realmente têm. Ouça o que sai da boca delas e o que elas são de verdade."

Eu te imaginava nessa mesma situação minutos atrás quando estávamos no restaurante. Estávamos sentados na mesa no canto, um lugar bem discreto. Eu comia uma salada qualquer, me vangloriando de estar seguindo uma vida saudável, depois de... Tudo. "Eu não tenho comido frango ou carne ou coisas assim", eu disse. "Mas está usando couro", você disse rindo e continuou "De qualquer maneira, estamos no topo da cadeia alimentar e você é bem linda. Não se preocupe". Eu ri, mas por dentro minha garganta secava.
Você acendeu um cigarro e disse "Poucos descobrem o quanto são bons em vida, mas alguns conseguem descobrir quando já é tarde demais. Eu detestaria o arrependimento no meu último suspiro". Eu terminei de tomar minha taça e olhei para fora.
"Eu queria ter sido inexperiente com você, mas não estamos nem mesmo curando um ao outro nesse momento." eu pensei comigo.
Ao sair do restaurante, o garçom o cumprimentou fervorosamente apertando sua mão. "Volte outro dia, senhor. É sempre um grande prazer", ele disse guardando a gorjeta no avental rapidamente. Após apertar sua mão ele me olhou friamente de cima a baixo e tentou sorrir um sorriso que me deu náusea de repente. "Obrigado também, querida". Eu apenas sorri de volta algo menos que um meio sorriso, mas eu teria falado muito mais. Porém me senti urgentemente em dívida, então paguei da mesma forma.

Você diminuiu seu passo para me esperar e segurar minha mão.
"-Estar errado não é o fim. E o fim também não é tão cruel como se pensa, apenas como se escolhe sentí-lo." você disse. "-Há também um lugar para isso".
"-Eu penso que é um ciclo de acertos e erros. Passos e tropeços e nada mais do que isso." eu tentei dizer enquanto você parecia distraído dentro da sua cabeça. Mas não era a primeira vez que eu não me sentia ouvida.
"-Você acha que exista vingança?" - eu tentei perguntar. "-Bem ou mal? Certo ou errado?"
Você apertou minha mão com mais força e respondeu
"-Sim".
Eu tremi. Depois recomecei "-Você não acha que apenas nos elevamos e terminanos do tamanho em que terminam nossas ações?"
"-Me diga sobre o homem algemado na sala de emergência sangrando depois de bater na filha dele. Ela o atacou com um sapato na cabeça. Foi errado e dificilmente sentimos compaixão por algo assim."
Eu engoli todo o meu discurso para que não nos enquadrássemos em um purgatório.

"-Abrace a calma e escolha o que tem que fazer e o que tem que ser feito". Foi sua palavra final. Eu subi para meu apartamento e você ficou dançando em minha ingenuidade pelo resto da noite.

(Baseado na canção "I Was Hoping", de Alanis Morissette)

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