Uma parte de mim consentiu. Consente e procura explicar-se para si mesmo todos os dias. Subestima as palavras que se pronunciam e nada no mar particular onde há milhões delas e está tudo de bem. Nada dessa tela viva que se estende continuamente, perpetuamente, impunemente frente aos olhos pode assustar. Está tudo bem, não importa. Ok, pode não estar, mas vai ficar. Não vai demorar e ainda que demore, vai ser bom o que irá sair daqui. Parte de mim ouve atentamente, entende e leva pra vida o que quer. Cala e faz calar. Ri e acredita. Quer, corre atrás e consegue. E pra isso se ocupa até a alma para ser apenas a parte que seguirá em frente, como acredita ser. Ocupa-se por diversão, por futuro e pelo o que vai trazer em semanas. Ou meses. Que seja até anos, quem sabe. É persistente, deliciosamente confiante. Tem o prazer de conhecer e de conhecer a si desconhecendo e conhecendo de novo de outro modo, numa próxima época ou em alguma outra época que passou. Se ama e ama se amar, mesmo que seja a única coisa que ainda tenha. Livre, amiga própria. É e quer que se dane o que não for.
Outra parte de mim sentou-se e permanece à margem do rio de si própria, Deus sabe desde quando. Talvez desde sempre sem nunca jamais nem desconfiar. Tirou os sapatos caros com os quais andou por todo o caminho até ali, soltou o cabelo, resolveu deitar na grama e olhar pro céu. Não espera, anseia. Grita em pensamento até ficar rouca ou até não se ouvir mais. Conhece fé na hora mais inoportuna que pode haver. Na verdade, também é bem oportuna. Ferve incandescente para tornar-se um metal maleável e quem sabe virar um imã. E, se não for possível, obedecer a atração do imã mais forte. Quer trazer pelos cabelos ou ser arrastada pela mão da maneira que tem que ser ou da maneira que quer que seja, pois não pode também deixar de ser a outra parte. Corre pelo cotidiano e abre a porta da iniciativa esperando a intervenção do destino de alguma forma. O estalo do auto conhecimento e do ato do conhecimento alheio. Duas, três, mil perspectivas. Colidem e explodem pelo sabor de quem eu sou a qualquer preço.
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