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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Bomba-relógio


Eu olho pro sofá onde costumávamos ver TV, mas não consigo chorar. Eu olho pro videogame na sala onde zeramos God of War III juntos numa tarde, mas não consigo chorar. Eu olho pro controle remoto que eu sempre ficava vigilante para que não caísse nas mãos dele, (Afinal quem manda aqui sou eu e queria deixar isso claro), mas não consigo chorar. Eu olho pro fogão onde eu só mexia pra fazer a melhor omelete de todas no café da manhã (O que denunciava meu apreço), mas não consigo chorar. Eu olho pra pia do banheiro onde ele fazia a barba porque eu pedia (Curiosamente o prestobarba ainda está lá aguardando seu dono), mas não consigo chorar. Eu olho pro ralo do box que ainda tem alguns fios de cabelo dele, mas não consigo chorar. Eu olho pro meu shampoo favorito pela metade depois do uso abusivo por ele e que me irritou um pouco, mas ainda não consigo chorar. Eu olho pro lado da cama onde ele dormia (Que ainda tem o cheiro dele), mas não consigo chorar. Eu olho pro meu ipod que ele pegava pra avaliar as bandas que eu ouço e ver se tinham novas, mas não consigo chorar. Eu olho pro livro que ele passou meses tentando me convencer a começar a ler e finalmente me deu de presente no dia do meu aniversário, mas eu não consigo chorar. Eu olho pra cabeceira onde ele deixava seu relógio (Cada dia um diferente), mas ainda não consigo chorar.

Foi foda, amor. A porta sempre esteve destrancada porque eu sabia que uma hora você ia querer sair e, juro, não teria problema nenhum em voltar se fosse o caso. Não sei qual foi a sua necessidade em arrombá-la e me fazer arcar sozinha com o prejuízo. Foi foda pra caralho ter se arrancado de mim quando podia só ter se desgrudado sutilmente. Ainda não consigo chorar porque talvez esteja em choque e não saiba ainda como reagir, nem no que vai dar, meio como foi quando te conheci. Não tinha ideia de como me comportar frente a uma batida tão forte de alegria que chegou a ser atordoante, o que a perda não está sendo. Pelo menos ainda. E que hora pra sair, hein? Por ser agosto, é claro que eu sinto frio com a porta arrombada. É claro que eu sinto falta do corpo que ficou grudado em mim durante esse tempo e que se arrancou brutalmente como se tivesse sido colado com superbonder. Cheio de elementos químicos altamente inflamáveis por toda parte e eu ainda não consigo explodir, meu amor. Mas, se eu bem me conheço, não fique perto pra saber o que vai acontecer. Vai ser o inferno de dante pra todo lado. Mas, por enquanto, permaneço imóvel e em silêncio sem conseguir chorar.

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